Aviso legal
Os personagens encontrados nesta história são apenas alusões a pessoas reais e nenhuma das situações e personalidades aqui encontradas refletem a realidade, tratando-se esta obra, de uma ficção. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual. História sem fins lucrativos, feita apenas de fã para fã sem o objetivo de denegrir ou violar as imagens dos artistas.
Passou
uma semana desde que Z e eu saímos e ele não deu mais nenhum sinal de vida, eu
também não quis procurá-lo, quero deixar que as coisas aconteçam da forma que
ele preferir, porque parece que eu sempre interfiro nos planos dele. Eu voltei
para a casa dos meus pais, ele disse que não gosta quando eu fique longe por
muito tempo, e minha mãe falou que se preocupa com o fato de Nick ficar pondo
as coisas na minha cabeça, ela usou aquele famoso bordão “eu sou sua mãe e eu
que cuidarei da sua vida”, mas ela se esqueceu que eu já sou maior de idade e
que eu posso cuidar de mim mesma.
Agora
acho que é tarde demais para a minha mãe vir cuidar de mim, eu sempre cresci a
base de babás, nunca recebi um grande amor da minha mãe, mas do um pai sim, ele
me amou do jeito dele, tanto que eu não sei o motivo dele estar querendo me
forçar a casar agora, achei que ele nunca iria querer isso pra mim, ele sempre
foi um bom pai. Estou me sentindo uma empresa que ele controla uma propriedade
dele. Por que meus pais estão fazendo
isso comigo? Por que as coisas têm que ser dessa forma? Será que a minha
felicidade não conta?
Eu não quero
isso para mim, quero ser dona de mim, da minha vida, do meu destino e das
minhas escolhas. Eu quero ser eu, estou me cansando de ser controlada, estou me
cansando de ser o que eles querem que eu seja eu só quero ser eu, eu só quero
poder ser como as outras meninas da minha idade, mas parece que tudo isso é impossível
quando se têm os meus pais como pais. Parece que estou presa a um mundo de
futilidade e egoísmo, onde só o dinheiro e as ações importam.
Tudo
tem sido tão difícil nessa última semana, tenho me sentido doente, mal tenho
vontade de levantar da cama, só saí de casa para a faculdade e da faculdade eu
venho direto para casa. Não sei por que estou sofrendo, talvez eu esteja
sofrendo por tudo.
Quando
eu cheguei da faculdade ouvi a voz de Rosa, nossa empregada me chamando, eu já
estava subindo a escada.
- Angeline, eu fiz o macarrão com queijo que você tanto
gosta. – Disse ela sorrindo.
- Desculpe-me Dona Rosa, mas eu estou sem apetite. –
Respondi.
- Oh minha querida, você está sem comer direito há dias,
acha que eu não reparei, é melhor você comer alguma coisa, ou irá acabar
ficando doente.
- Tudo bem, vou comer um pouco.
Coloquei
um pouco de macarrão e fui comer na cozinha enquanto Rosa lavava a louça. Ela
sempre foi bastante atenciosa comigo, trabalha aqui desde quando eu era uma
criança, antes uma mulher trabalhava aqui, mas eu quase não me lembro dela, só
sei que eu senti muita falta quando ela foi embora e meus pais me fizeram ir ao
psicólogo algumas vezes quando ela foi embora, ai eu comecei a esquecer algumas
coisas da minha infância.
Quando
eu terminei de almoçar Rosa colocou sorvete para eu comer como sobremesa.
- Sorvete é a chave para corações partidos. – Disse ela
enquanto me servia, e talvez seja. – O que vem afligindo o seu coração?
- Eu não sei... – Disse baixinho.
- Mas é claro que sabe, você é uma moça inteligente,
diga-me, você sabe que não irei contar a ninguém.
- Eu não quero me casar, mas meus pais estão me obrigando a
fazer isso, e eu sinto que não tem como eu fugir dessa situação toda.
Comecei
a chorar e ela me abraçou. Pude me sentir confortável pela primeira vez nessa
última semana. Senti liberdade de chorar, me senti afagada por Rosa, uma pessoa
que não é nem de minha família.
- O que está havendo aqui? – Minha mãe chegou. – Angeline
pare de chorar! Irá ficar com o rosto inchado e vermelho, irá te envelhecer!
Olhei
para a minha mãe e não disse nada, levantei-me e fui para o meu quarto. Tranquei-me
lá e ignorei os gritos da minha mãe do outro lado da porta. A última coisa que
eu quero agora é ouvir os sermões de minha mãe.
Fiquei
chorando dentro da minha banheira, eu juro que poderia encher ela de lágrimas.
Eu chorei até ouvir meu celular tocar, fui atrás dele e lá estava à letra Z em
seu display, comecei a me tremer na mesma hora. Atendi o celular e ele não disse
nada e eu voltei a chorar.
- O que houve? –
Ele perguntou.
- Me tire daqui, Z, por favor... – Implorei.
- Onde você está?
- Na minha casa... – Respondi.
- Estarei te esperando
na esquina em meia hora, tente ir lá.
Apenas tomei um banho,
peguei meus documentos e sai de casa, tentando não ser vista pela minha mãe,
caminhei nas pontas dos pés com meu tênis nas mãos. Sai pela porta da cozinha e
fui correndo até conseguir sair de casa, continuei correndo pelo condomínio e
lá já estava o carro de Z.
Eu entrei
no carro e ele logo saiu, ele estava fumando, era a primeira vez que eu o via
fumando, mas sempre pude sentir o cheiro de cigarro sendo abafado pelo cheiro
de seu perfume e seu hálito de menta.
- Para onde quer ir, Angeline? – Ele quebrou o silêncio.
- Para qualquer lugar, Z. – Respondi.
Ele
dirigiu por meia hora, estacionou o carro próximo a uma trilha e saiu do carro
e eu fui atrás dele. Começamos a caminhar pela trilha em silêncio, e eu já
estava me sentindo melhor. Estava longe de tudo e de todos e isso que importa.
Caminhamos pela trilha ate chegar a um lugar sem muitas árvores e com uma visão
maravilhosa. Fiquei grata de estar ali. Grata por Z entender o que eu estava
precisando no momento.
- Obrigada...
- Pelo que? – Ele perguntou confuso.
- Por me trazer aqui, estava realmente precisando vir em um
lugar assim.
- Eu sei...
Depois
eu não disse mais nada. Sentamos-nos em um banco e encostei minha cabeça em seu
ombro. Senti vontade de chorar, mas não de tristeza agora, senti uma paz imensa
dentro de mim, que praticamente me comoveu. Precisava sentir, precisava ficar
longe da minha vida por uns segundos, longe da realidade que vem me
perturbando.
- Eu não quero me casar...
- Então não case.
- Mas não é simples assim, Z...
- Pode não ser Angeline, mas você não pode fazer algo que vá
acabar com a sua vida porque alguém quer, a vida é sua e...
Antes de
ele terminar a frase o telefone de Z começou a tocar, ele se afastou para
atender e vi que ele ficou bem tenso, passando a mão na cabeça. Ele voltou com
uma cara de preocupado.
- Algum problema? – Perguntei.
- Minha irmã ela está no hospital, aconteceu alguma coisa
com ela, ela vai operar, eu preciso ir lá, eu preciso... A minha irmãzinha...
- Então vai, Z.
Ele
colocou a mão na cintura e olhou para mim, estava desesperado, com cara de
desolado. Jamais imaginei que iria vê-lo
assim.
- Você vai comigo.
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