Acordei de um sono pesado, passei a noite no apartamento
de Nick, ontem tomei um remédio para conseguir dormir.
Levantei da
cama para procurar Nick, ele não está aqui, mas deixou um recado na
geladeira "
Pirralha, eu tive que sair, mas não vou demorar. Não
vá embora até eu chegar. ". Ele não avisou para onde foi, mas
também ele é o mais velho, não precisa ficar dando satisfações
para a irmã mais nova.
Eu mexi ovos e fritei bacon, meu estômago
está praticamente falando comigo. Ontem eu mal almocei e depois
disso não coloquei nada na boca.
Fiquei vendo televisão enquanto
comia, quando uma gritaria no corredor chamou minha atenção. Era a
voz do meu pai, minha mãe e Nick. Eles estavam discutindo. Os três
gritavam juntos e eu não conseguia distinguir o que diziam.
A
porta abriu e Nick entrou com a veia da testa alterada.
-
Vocês não vão vê-la. Inferno! - Ele gritou e bateu a porta na cara
dos meus pais. - Filhos da puta! - Ele gritou e só depois percebeu
minha presença.
- O que está acontecendo. - Perguntei.
A
campainha tocou novamente, e era Mark, melhor amigo de Nick. Ele estava
carregando uma mala de rodinhas e duas penduradas nos ombros.
-
Você vai morar aqui comigo, e fim de papo. - Nick estava
ofegante.
- Mas Nick….
- Mas nada. Escuta aqui
Angeline, aquela casa não faz bem nem a uma mosca.
- Eu
preciso descobrir. E para isso tenho que ficar ao lado do meu pai. -
Levantei-me e fui até ele.
- Eu não quero que ele te
machuque, Angeline.- Nick segurou meu rosto.
- Ele não
vai me machucar, eu não vou deixar. - Alisei o rosto preocupado
dele.
- Está bem, mas fique um tempo comigo, por favor. -
Ele fez carinha de cão sem dono. Eu sorri para ele.
- Está
bem.
- Ah que fofo vocês dois, mas eu ainda estou com as
malas. - Mark atrapalhou o momento fofo.
Eu arrumei minhas roupas no
armário. Mesmo ocupada eu só sabia pensar em Zain. E no possível motivo dele
odiar tanto meu pai.
- Angeline eu vou ao mercado. Vamos
comigo para você comprar as coisas que você gosta.
- Está
bem, só vou trocar de roupa. - Ele saiu do meu quarto.
Eu coloquei
um vestido azul-claro, uma jaqueta de couro preta e uma sapatilha da
mesma cor. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e fui procurar
Nick, ele estava sentados no sofá jogando Angry Birds. Se deixar ele
fica o dia todo nesse jogo.
- Vamos lá, viciado. - Cutuquei
ele, mas Nick não teve nenhuma reação. Então eu tirei o celular
da mão dele.
- Ei! - Reclamou.
- Vamos ao
mercado.
- Pensei que você demoraria. - Ele se explicou.
Eu já tinha pego tudo o que precisava, então fui ver a
loja de CDs enquanto Nick terminava as compras. Eu estava mexendo no
CD da Demi.
- Jura que você gosta dela? - Uma garotinha de 10 ou 12 anos perguntou.
- Sim, as músicas dela são boas. -
Sorri para ela.
- Meu sonho é ir ao show dela. - A menina
estava empolgada.
- Eu já fui. - Sorri para ela.
-
Safaa, você já esco…. Angeline? - Uma voz familiar falou meu nome
e eu olhei para ver quem era. Zain…
- Oi Zain. - Minha
voz saiu baixa.
- Vocês se conhecem? - A menininha
perguntou.
- Sim, Safaa. Hmm... Angeline, essa é minha irmã
mais nova Safaa.- Zain nos apresentou. Nós apertamos as
mãos.
- E vocês são o quê? - Ela estava com um sorriso
brincalhão nos lábios.
- Colegas, Safaa, apenas colegas.-
Ele não tirou o olhar de mim. A mandíbula dele estava tensa.
Recolhi meus ombros e encarei ele.
- Foi um prazer te
conhecer Safaa. Você tem esse CD aqui? - Peguei um CD da Demi e
amostrei a ela. Safaa negou com a cabeça.
- Não. - Ela
respondeu.
- Esse aqui é seu. Vamos lá pagar. - Ela me
abraçou e falou mil vezes a palavra obrigada.
- Mas eu vim
aqui comprar para ela. - A voz fria de Zain chamou a atenção de nós
duas.
- Eu faço questão de pagar. - Peguei a mão dela e
caminhei até o caixa. Zain ficou atrás de nós duas com uma cara
amarrada, enquanto conversávamos sobre a Demi.
- Zain, olha
o que eu comprei. - Uma voz feminina o chamou. Nós nos viramos para
olhar. A mulher muito parecida com a Safaa ficou me olhando como se
eu fosse um fantasma. Zain ficou incomodado com a situação.
-
Angeline? - Eu a olhei bem, e a reconheci, é a Trisha, a mulher que
cuidou de mim no lugar da minha mãe. Como eu iria esquecê-la? Eu
corri para abraçá-la.
- Ah meu Deus, eu não acredito. - O
cheiro dela continua o mesmo.
- Como você cresceu, como
você se tornou uma linda mulher, Angeline. - Ela me analisou e
abraçou-me forte novamente.
Ela estava chorando. Trisha cuidou de
mim até meus 10 anos. Eu não me lembro muito, mas eu não me
esqueceria dela. Eu a amava demais e quando ela foi embora – por um
motivo que eu ainda vou descobrir – eu fiquei muito mal.
- Eu
senti sua falta Trisha. - Ela segurou meu rosto com sua expressão
materna que eu tanto senti falta.
- Eu não pude voltar,
Angeline. Você vai entender. - Ela olhou para Zain com uma expressão
nervosa. - Mas nós podemos nos encontrar agora, eu quero saber como
está a sua vida. Quero saber tudo sobre você.
- Sim
claro. - Nos viramos para Zain. Sua expressão estava fria como
sempre.
- Você vai fazer alguma coisa agora? - Safaa
perguntou.
- Não. - Sorri para Zain.
- Ótimo,
vamos lá em casa, eu faço um bolo rápido e podemos colocar o papo
em dia. - Trisha estava sorridente é Safaa também, já Zain….
-
Está bem, só vou ligar para Nick e avisar que não vou para casa
com ele.
Quando liguei para Nick ele ficou
preocupado comigo, mas quando eu falei que era Trisha ele ficou de
boa. Trisha também cuidou dele.
Durante o caminho até a casa deles
ela dirigia, Zain estava no passageiro e Safaa e eu no banco de trás.
Veio em minha cabeça se ele sabe ou não dirigir.
- Zain
você dirige? - Perguntei, ele olhou para mim.
- Um pouco,
vou fazer meu teste essa semana. - Ele respondeu.
Nós ajudamos Trisha a colocar as compras na cozinha. A casa
dela não mudou quase nada, só os móveis. Mas essa casa foi a minha
casa durante um tempo, eu lembro que ela sempre me trazia aqui para
brincar com o filho dela… Zain… Zain era o garotinho que eu
costumava brincar, por isso que ele me pareceu familiar.
Eu coloquei
uma sacola sobre a mesa e olhei para Zain, seus traços quase não
mudaram, mas àquele garotinho de sorriso feliz e inocente não
existe mais, a expressão fria tomou conta do sorriso e o ódio da
inocência. O que fez ele se tornar assim?
- Crianças,
saiam daqui enquanto eu faço o bolo, depois chamo vocês. - Trisha
disse. Eu segui Zain para a varanda dos fundos. Ele tirou um maço de
cigarro do bolso e começou a fumar. Ele fica sexy fazendo isso.
-
Por que você não me disse nada? - Parei ao lado dele.
-
Você não precisava saber. - Eu olhei para ele, Zain olhava para o
nada. Ah que inferno.
- Eu não sou uma criança, Zain. Eu
não sou idiota, você compreende isso? - Cruzei os braços e me
virei para ele.
- Você não deve se meter nisso. - Ele
virou para mim.
- Você me estressa. - Bufei. Ele riu
ironicamente. - Foi por isso que você me tratou bem? Foi por isso
que você não deixou o seu amigo fazer algo ruim comigo? - Ele
apagou o cigarro e me olhou.
- Você não cansa de fazer
perguntas? - Ele enfiou as mãos no bolso.
- Por que, Zain? -
Insisti.
- Porra, Angeline. - Ele rosnou. Ele olhou para
baixo e coçou a barba.
- Zain…. - Me aproximei dele e
coloquei a mão no rosto dele.
- Angeline…. - Ele
sussurrou meu nome.
Meu coração estava muito rápido, minha
respiração ficou ofegante. Ele está deixando…. Fiquei na ponta
dos meus pés, Zain fechou os olhos e chegou mais perto de mim,
nossos narizes já estavam se encostando….
- Que porra é
essa? - Uma voz feminina e aguda gritou. Eu me afastei para olhar,
Zain segurou meu braço e me puxou para perto dele. Eu olhei para a
menina morena de corpo escultural. Ela me olhava com uma raiva
palpável.
- Saía daqui, Jeniffer. - A voz de Zain era mais
fria que o normal.
- Você me trocou por essa aí? - Ela
apontou para mim com desprezo.
- Não fala assim dela, saía
daqui. Eu estou mandando, Jeniffer. - Ele me puxou mais para perto
dele, como se quisesse me afastar dela.
- Não acredito
nisso, você está protegendo ela? - Jeniffer chegou mais perto de
mim, Zain me colocou atrás dele.
- Jeniffer o que faço ou
deixo de fazer, não é mais da sua conta. Vá embora agora. - Eu
agarrei o braço dele e o puxei para longe dela.
- Eu não
posso acreditar nisso. - Ela foi embora. Zain se afastou de mim. Ele
se sentou. Eu fiquei com medo de uma aproximação, então me sentei
em uma cadeira mais longe.
- Aquilo, não era para acontecer. -
Ele pressionou a mandíbula e não fez contato visual comigo.
-
Você queria Zain. - Minha voz era baixa. Meus olhos não seriam
capaz de sair dele. Zain me olhou sorrindo de canto e depois olhou
para baixo, ele pegou um cigarro do bolso e o acendeu.
- Eu
não posso ficar com você, Angeline. - Ele murmurou. Eu cruzei
minhas pernas deixando minhas coxas visíveis, ele fixou o olhar
nelas sorriu e voltou a olhar para mim.
- Ok, mas eu ainda
preciso de respostas...
- Exibir seu corpo não vai
garantir respostas. - Ele estava se divertindo com aquilo. Eu fiquei
em silêncio o encarando. Eu fiquei pensando na melhor maneira de
tirar as respostas dele, mas vi que não seria fácil.
- Você
investigou meu pai? - Perguntei. A expressão de Zain ficou séria
novamente.
- A minha vida toda. Mas eu não vou falar sobre
isso com você. Angeline para com essas perguntas e vá viver a sua
vida fabulosa. - Zain tem nojo da vida que eu levo.
- O que eu fiz
para você, Zain? - Ele olhou para o lado, parece que ele não gosta
de mim. Eu me levantei para ir embora.
- Vai aonde? - Ele levantou
e veio atrás de mim.
- Embora, não gosto de ficar em um
lugar onde não sou bem-vinda. - Continuei caminhando, ele puxou meu
braço.
- Eu não falei isso…. - Eu olhei para ele e cruzei os
braços, ergui as sobrancelhas esperando ele falar mais. - Angeline,
eu só não quero magoar você…. - Eu dei um passo para frente e
ele me olhou assustado.
- Porra Zain, eu não sou mais nenhuma criança, para de me tratar
como se eu fosse uma! Qual é o seu problema comigo? - Eu tentei
controlar minha voz, mas infelizmente ela saiu mais alta do que eu
queria. Ele coçou a barba e me olhou com os olhos arregalados.
-
Não precisa gritar. - A voz dele era tensa.
- Quer saber?
Avisa para a sua mãe que o filhinho dela não gosta de mim, e que
quando ele estiver ausente eu vou vim aqui. Se você tiver alguma
coisa para me contar, você sabe para qual número ligar. - Dei as
costas e fui andando rápido pelo quintal dele, escutei Zain me
seguindo, ele puxou meu braço novamente.
- Minha mãe, ela
me fez jurar que eu não contaria nada a ninguém. Angeline eu não
posso dizer, você terá que descobrir sozinha, eu posso te ajudar...
- Eu parei e o olhei. Zain respirou profundamente, ele não desviou o
olhar enquanto se aproximava mais de mim. Zain é lindo de uma forma
que não sei explicar.
- Está bem... - Eu olhei para Zain. A vontade de beijá-lo estava demais.
- Não Angeline... -
Ele se afastou de mim. Que frustração...
- Eu tenho que ir
Zain...
- O que eu digo para minha mãe?
- Que eu
tive um problema para resolver...
-O bolo está pronto. -
Trisha sorriu na porta. Ela analisou Zain e eu, e sorriu com a nossa
aproximação.
- Vamos lá, Angeline. - Zain sorriu. Eu fiquei
meio desorientada quando Zain colocou a mão na minha cintura.
Caminhamos até a cozinha, Safaa já estava sentada, na mesa mexendo
no celular.
- Pode largar o celular, nós vamos lanchar
agora, e você sabe a regra: sem celulares na mesa. - Trisha
falou. Safaa revirou os olhos e colocou o celular sobre a mesa. Eu me
sentei de frente para o Zain ao lado de Safaa.
- Então,
vocês namoram há quanto tempo? - Safaa perguntou. Eu olhei nervosa
para Zain.
- Nós não namoramos.... - Respondi.
-
Ah qual é? Eu vi vocês dois tendo um DR lá no quintal, daí depois
vocês quase se beijaram, mas a mamãe atrapalhou. - Ela insistiu no
assunto.
- Safaa é muito feio ficar vigiando as pessoas
pela janela.- Zain a repreendeu. Eu queria que o chão me
engolisse naquele momento.
- Vamos mudar de assunto né,
Safaa? Angeline eu fiz seu bolo favorito, bem espero que ainda seja.
- Trisha colocou um bolo de floresta negra na mesa.
- Sim,
esse sempre será meu favorito, principalmente o seu. - Ela deu um
enorme sorriso para mim. Enquanto comíamos Safaa não parava de
falar sobre a Demi e sobre o Justin Bieber. Eu fazia de tudo para
não olhá-lo, mas é quase impossível. Zain me encarava também e
Safaa parou de falar por um instante.
- Se vocês não
namoram, vocês se gostam muito. - Safaa falou como se aquilo fosse o
óbvio.
- Safaa! - Trisha gritou. Minhas bochechas
queimaram.
- Angeline e eu somos apenas amigos, Safaa. E fim de
papo. - Zain já tinha perdido a paciência, eu preferi ficar em
silêncio. Eu e Trisha conversávamos sobre a minha faculdade, Safaa
já estava na sala ouvindo o seu novo CD e Zain fingia interesse no
assunto.
- E você, Zain. O que faz? - Olhei para ele,
Trisha olhou nervosamente para seu filho e ele bufou.
- Eu
sou cobrador de dívidas. - Ele respondeu.
- Nunca ouvi
falar disso... - Murmurei.
- Não é coisas do seu mundo. -
Ele falou baixo.
- Eu vou lavar a louça. - Trisha retirou
os pratos da mesa e recusou minha ajuda.
Zain levantou-se deu umas
batidinhas no meu ombro e fez sinal com a cabeça para mim segui-lo.
Zain não falou nada, apenas manteve a postura enquanto caminhava
pela rua calma com as mãos nos bolsos.
- Está me levando
para conhecer a cidade? - Acabei com o silêncio entre nós
dois.
-Eu quero falar uma coisa. - Ele me olhou. Eu acho que
não seria capaz de tirar o olhar dele um minuto se quer.
-
Diga.
- Não flerte comigo. - Ele estava falando sério mesmo?
-
Eu não flerto com você, você flerte comigo. - O empurrei com o
ombro.
- Eu estou falando sério... Eu não posso ficar com
você.
- Isso não quer dizer que você não quer ficar
comigo. - Ele fez uma careta, mas não estava olhando para mim.
-
Você é uma garota atraente, não vou negar, mas não é para mim. -
Não insistiria no assunto.
Nós caminhamos em silêncio até um
parque. Eu me arriscava a olhá-lo em alguns momentos. Eu não sei
descrever o que sinto por ele nesse momento. É tudo muito cedo
ainda, mas eu tenho um tipo estranho de afeto por ele por causa da
infância que passamos juntos, e eu sei que ele sente o mesmo por
mim. Por isso que ele não me maltratou e não deixou o amigo dele fazer
maldade comigo. Zain ainda vê aquela garotinha em mim.
Continua
Olá divas, o terceiro capítulo foi postado e eu quero saber se vocês querem uma continuação.
Eu estou me esforçando muito para escrevê-la, nunca pensei em escrever uma fic assim. Mas espero que vocês gostem do meu esforço.
Obrigada. E não se esqueçam de dar uma chance a ILWAC (abreviação da fic.)
Quem quiser continuação, comente!